Prefeito pleiteia 50 milhões da Alcoa


Ainda candidato, Henrique Costa (PT), prefeito eleito de Juruti, já dava seu recado aos eleitores: era favorável ao Projeto Juruti, consórcio formado pelas mineradoras Alcoa e Omnia para exploração de bauxita no município, com investimentos estimado, só nos três primeiros anos, de R$ 1 bilhão. Não mudou de idéia depois de empossado no cargo. Para ele, desde que “tenhamos capacidade de negociar”, Juruti pode colher bons frutos com empreendimento.

Nesse sentido, Henrique fez uma proposta as duas mineradoras. Quer que elas façam investimento de R$ 50 milhões ainda esse ano, na fase de implantação do projeto, a ser investido na infraestrutura do município. Isso porque, segundo o prefeito, nessa fase os empregos são de baixa qualificação e, consequentemente, remuneração, forçando essas pessoas a procurar os serviços públicos oferecidos pelo município (saúde, educação, etc.).

O senhor é contra ou a favor do Projeto Juruti?

A nossa posição é a mesma desde o período pré-campanha. Naquela ocasião, já dizíamos que não éramos contra o projeto. Mas costumo sempre usar a expressão “não compro embalagem, gosto é do conteúdo”, justamente para dizer que precisávamos conhecer mais o projeto. Hoje, a partir de todo o debate que tem sido feito, da realização das audiências públicas, acredito que o povo tem muito mais clareza do que é esse projeto de mineração, quais seus benefícios e conseqüências. Avalio que será positivo desde que, a partir de agora, tenhamos a capacidade de negociar bem para o município.

É um projeto que mudar de maneira radical a vida em Juruti.

Com certeza. Vai interferir na cultura, na economia e nos vários setores. Daí porque precisamos pensar também no fim projeto, daqui a 30, 40 anos, para que depois a cidade tenha condições de continuar com mesmo padrão e qualidade de vida que com certeza esse projeto deve trazer para nossa população, disso não tenho nenhuma dúvida.

O que o senhor acha fundamental ser implantado agora no início do projeto para que Juruti já saia ganhando?

Todos nós sabemos que, no setor de mineração, as empresas pagam vários tributos, canalizados para União, Estado e Município, e ainda os royalties. Mas isso apenas não basta. É necessário que haja investimento na melhoria da infraestrutura, saúde, educação, urbanização, enfim, de tudo que é necessário para melhoria da qualidade de vida da população. Então, só os tributos constitucionais não são suficientes para atender essa demanda. É necessário, pois, que haja uma contrapartida da empresa no sentido de investir, já agora no período de implantação.

A partir deste ano?

Sim, porque esse período de implantação é o mais crítico. Apesar de gerar um grande número de empregos, são empregos de baixa qualificação e remuneração. Me preocupo, por exemplo, com a questão da saúde. Se os salários são baixos, com certeza essas pessoas não têm condições de pagar serviços particulares, levando-os a optar pela estrutura do município. Se o município já não tem condições de atender 100% da demanda atual, imagine quando aumentar essa população com a implantação do projeto. Com certeza a nossa dificuldade será muito maior.

Em números, quanto deveria ser esse investimento inicial por parte da Alcoa?

Eu diria que seriam necessários aproximadamente R$ 50 milhões ao longo desses 30 meses da fase de instalação do projeto até que fase de produção mineral. Mas não apenas investir na estrutura física, como também na sustentabilidade. Não adianta ter o hospital, se não tem o médico, remédio para que ele possa funcionar de fato.

Como a empresa tem sinalizado com relação a essa proposta?

De maneira positiva, desde as primeiras conversas com mantivemos com os diretores da empresa, como também nas audiências públicas. Mas isso é preciso ser documentado, quem nem num casamento. Tem que ser preto no branco, registrado em cartório, para que qualquer uma das partes que não cumprir seu compromisso possa ser cobrada devidamente.

Para o senhor o Projeto Juruti é irreversível?

Acredito que sim. O projeto é de nosso interesse, é do interesse do governo do estado e do governo federal, por ser importante para a economia do país. Mas é preciso que haja esse cuidado, e nós estamos atentos para que de fato seja um projeto muito bom.

Que conseqüências positivas, por exemplo, o projeto já proporciona para Juruti?

Hoje já arrecadamos cerca de R$ 10 mil por mês de ISS [Imposto sobre Serviços]. Ainda é pouco é verdade, mas já é alguma coisa. Por outro lado, aumentou a nossa demanda de serviços, principalmente na área de segurança pública. Como você sabe, nos últimos dias foram feitas três apreensões de drogas na cidade. Isso por acaso. Não houve trabalho investigativo. Significa que o volume de drogas circulando por Juruti desse ser muito maior. Não diria que o responsável por isso é o projeto, mas é o que se vislumbra, é a expectativa que se cria com a implantação dele no município.

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