Erros e acertos do padre

Do jornalista e estudante de Direito Alailson Muniz, sobre a nota Referendo sobre a dívida externa, do padre Edilberto Sena:

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A vitória do Não pode até significar que brasileiros queiram andar armado, mas somente um tolo acreditou mesmo que o Estado iria abrir essa decisão para consulta popular. Defendendo, como sempre fiz, a tese de que o referendo é e foi uma "farsa". Queria fazer algumas colocações sobre o Editorial do Edilberto. Antes quero deixar claro que não votei. Boicotei o referendo pedindo para sair da cidade.

Foi divulgada uma série de informações erradas por parte da mídia durante o referendo. Por exemplo, o que reza sobre quem deixa ou não de andar armado é o Estatuto do Desarmamento. E este, em nada mudaria quanto essa questão, vencendo Sim ou vencendo Não no referendo. Mas a mídia colocou para que o referendo iria modificar essa questão.

Passando aos comentários.

Achei infeliz a colocação do Edilberto quando ele diz que os adeptos vitoriosos do ‘Não’ "querem ter o direito de possuir arma de fogo para se igualar aos marginais, na capacidade de matar". A questão da defesa não está na competitividade de se igualar as atitudes do agressor e sim no impedimento da ofensa por intermédio da intimidação do autor através da manifestação do exercício do direito de defesa cumulado com a nivelação das forças.

Acho que o Edilberto se deixou levar pela emoção, pois nessa afirmação põe no mesmo copo pais de famílias, bandidos e outras espécies.

O referendo não era para decidir entre Violência e Paz. Dentre suas mil e uma utilidades que teve para o governo e os pequenos funcionários públicos que vivem de fraudes por exemplo, ele trouxe algumas contribuições.

Legitimou a primeira derrota da Globo durante toda sua história, mesmo não interferindo muito no seu negócio com a Glock. Também contestou a representação dos políticos, como salientou Edilberto.

Antes de fechar meu comentário, queria dizer Sim ao referendo sobre o pagamento da dívida externa. E vou mais além: defendo a auditoria da dívida para que o povo saiba como é que se ficou devendo, de onde sai o dinheiro e para onde vai.

E mais: que o dinheiro excedente e a cobrança ilegal de juros sejam devolvidos aos cofres do Tesouro Nacional pelo Fundo Monetário Internacional.

Essa medida sim terá implicações diretas e imediatas na vida do brasileiro e não será uma farsa.

De 1994 a 2004 o Brasil pagou R$ 1 trilhão em juros das dívidas externas e internas e o nosso país continua devendo mais de R$ 1 trilhão.

Agora, devemos cobrar de nossos candidatos para que eles coloquem em seus programas de campanha essa medida. Sem medo de ser tachado de comunista, de socialista ou de anarquista, pois como disse Che Guevara: "A vida de qualquer pessoa em qualquer lugar do mundo vale muito mais do que qualquer propriedade material".

Vamos ver!

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