Poros da corrupção

Resposta de Juvêncio Dias à nota abaixo:

Maurício,

Grato pela atenção e remissões. Quem sabe o mesmo equívoco que me levou à incerteza da autoria da paráfrase não foi o que lhe conduziu a grafar erradamente o nome do autor, qual seja, a pressa, eterna inimiga da revisão como dizemos no jargão jornalístico.

De qualquer forma cumprimento-lhe pela rapidez com que corrigiu meu equívoco. Suas dúvidas sobre o axioma de Bisol tem procedência.

Com efeito, tanto o STF ou o STJ não tem dado bons exemplos de jurisprudência ou de sentenças. Mas é o que temos. O fato da corrupção ter impulsionado ou erodido impérios é tão relevante quanto as razões de natureza pessoal (amantes, demência, alcoolismo, doenças, acasos e outros vieses de matiz antropológico).

Claro está que a corrupção, como essas outras possíveis óticas, instala-se nos poros de questões, interesses e contextos muito mais amplos. A luta de classes, por exemplo, desafortunadamente objeto da infeliz paráfrase de seu denso livro de cabeceira na ilha deserta.

Asseguro-lhe que as dinâmicas econômicas são lentes muito mais seguras e perenes quando se analisa a construção ou derrocada de sociedades.

As insinuações do "marxismo de axila" ou dos leitores de "orelhas de livros", tão ao gosto fugidio dos sofistas, passam ao largo e lançam luzes na forma como recebeu minhas críticas.

Longe de ser um exegeta, sustento minhas opiniões a respeito das categorias marxistas em 28 disciplinas de pós-graduação "strictu sensu", nas melhores casas do país. Permita-me decliná-las: IEI/UFRJ, IFCH/UNICAMP e Metodista de São Bernardo.

Sobre meio termo e o princípio da proporcionalidade, e sua elegante citação aristotélica, esclareço que o recurso a Bisol foi contextual, a saber, em cima das razões que lhe tem levado a amarguras com os desdobramentos da crise política.

Um furto famélico, por exemplo, certamente se enquadraria no meio termo a que se você se refere.

Também lhe sou agradecido pelo debate.

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