Alarme da especulação




Comentário/ editorial do padre Edilberto Sena no Jornal da Manhã (Rádio Rural AM), de ontem:

MAIS UMA vez chega a notícia alarmista de que vai faltar pescado no mercado da cidade, durante a Semana Santa. A quem interessa um alarme desse? Quem suspeita que seja um alerta sincero de quem está preocupado com o bem-comum?

Quem desconfia que seja uma armação para justificar a subida dos preços do pescado? Não é possível que o período do defeso seja o responsável por tal crise de pescado.

Dois argumentos factuais desmentem tal alarme. Um: são apenas 10 espécies que estão protegidas pelo defeso. Estão fora da proteção: pescada, cujuba, dourada, aruanã, caratinga e mais 25 espécies de peixes dos rios e lagos da Amazônia que são aceitas pelo paladar regional.

OUTRO argumento é a dispensa do preceito religioso. A diocese de Santarém costuma retirar a obrigação moral de os católicos não comerem carne na Semana Santa. Daí que, essa estória de preocupação com falta de pescado neste período não cola muito.

Se os pescadores trouxerem as espécies não protegidas pelo defeso certamente serão consumidas pela população. Desde que os preços sejam acessíveis. E desde que o poder público imponha controle nos exportadores. Esses sim, podem deixar os mercados vazios.

O que é preciso fazer é disciplinar o comércio do pescado na cidade. Não há justificativa sadia para o mesmo pescado ter um preço mais baixo em Óbidos, Monte Alegre ou Alenquer e um preço bem mais alto em Santarém.

A NÃO ser a especulação da lei capitalista da oferta e da procura.

A questão a ser encarada é que, na região, o consumo de pescado é alimentação básica da maioria da população, especialmente dos que ganham pouco. O poder público tem como moralizar essa relação comércio e consumidor.

É uma questão de respeito aos mais pobres.

Comentários