Conto

Macumbartefato

Josué Vieira (*)


Reunidos no mesmo fim, com apenas este fim marcando a frente de cada um, isto me cheira a quisumbá – em tudo que se possa fazer aparece exaltados de palavras párvoas, vazias no sentido de um todo , mas espertas na hora de exaltar.

Não fora feito absolutamente nada até as dez da manhã, eu meter a mão naquilo, vai que pega em mim; só com surra de pião roxo. Todos em frente esperando que se faça alguma manobra espetacular, para quem sabe aparecer em alguma emissora de fora, o liberal já vale; quem ao menos poderia perguntar em hora de responder, armas nem valeriam a pena serem levantadas para dispersar as dúvidas que pairava a cabeça dos presentes, muitos a procura do que fazer explicavam para câmeras a ordem do dia, para que depois, muito longe delas vangloriar-se por um feito de rambo, bradock, até mesmo ser reconhecido na rua por suas vestes, pensando valer a carnhassada que come no almoço, antes da banana e da rapidinha. Uma pausa no relato.

Até poder continuar estruturar algumas palavras para este fato, farei uma pausa no ato criacional para especular um possível dano a saúde pública: se antes fosse desmascarado aquele objeto que pairava agora no inconsciente coletivo de cada presente naquele espaço chuvoso, famigerado por ainda nem ter ao menos passado manteiga no pão e deixando o leite boiá? Antes mesmo desta pausa metalingüística o simbolismo já responde por si, pois seria, antes mesmo de todo este aparato real, uma maneira do povo opinar e influenciar a chamada informação elitista. Historias mirabolantes, passadas no campo, capoeira, jiquira, caçada, e outros enfins reticênciais manifestados por olhos arregalados a luz da lamparina ou do petromax, até poderia ser antes deste poderia ser. Mas, de qualquer forma seria uma reação panfletária para os olhos, ou um aviso para dizer que há vida. Voltemos ao relato, agora vem a parte boa, explodiram no meio de pneus o possível objeto panfletário.

Reclames parecem penas voando para todos os lados, há os que ainda, por experiência, reafirmam a suspeita com um te cuida gerente, outros até decepcionam-se com sonhos comprados em padarias, outros dispersam a dúvida com uma fome para um almoço de uma quinta-feira friorenta tomada de súbito pela informação que contaminou ouvidos, paralisou palavras, encaminhou Titãs, fez outros engraxarem botas, removerem a remela de uma noite bigbrotherniana, para no enfim se juntarem a rachadura de um Kremilin, despacho.

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* Santareno, é poeta e escritor.

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