Hidrelétricas: Ibama deve ficar atento




Comentário/ editorial do padre Edilberto Sena no Jornal da Manhã (Rádio Rural AM), de ontem:

OUTRO dia um técnico municipal falou com muito entusiasmo sobre um plano importante de construção de várias mini-hidrelétricas no muncípio. Agora vem um líder da Reserva Tapajós/Arapiuns e anuncia que também naquela região da resex há um plano de se construir outras mini-hidrelétricas.

Não deixa de ser um motivo de alegria, gerar energia elétrica não poluidora, barata e para os esquecidos da sociedade. Pode ser uma bênção os pequenos produtores rurais terem uma geladeira, um ferro de passar roupa, um liquidificador e outras inovações da tecnologia moderna e que carecem de eletricidade.

Dizem uns que a tecnologia dessas mini-hidrelétricas é daqui mesmo da região e que o impacto ambiental é mínimo. Mas aqui surge uma preocupação. Elas serão construídas aproveitando as águas dos igarapés. Uma delas, foi dito, gerará eletricidade para 200 famílias, outras para mais famílias.

MESMO um leigo em questões hídricas sabe que o ecossistema de um igarapé é bastante sensível. Perturbar um trecho vai perturbar todo o leito abaixo. Basta olhar os locais onde famílias constroem casas de lazer, limpando a beira do igarapé, fazendo piscinas "naturais", limpando as ribanceiras.

Fazer uma queda d`agua para mover uma turbina vai interferir na vida do igarapé, mesmo que faça um desvio para criar a lâmina dágua cadente. Dizer que o impacto é mínimo e compensa pela oferta de energia barata, não basta.

Assim pensam quase todos os que perturbam o meio ambiente para tirar benefícios. Afirmar que todo progresso tem um preço a ser pago e que o que se tem a fazer é minimizar é verdade. O problema é medir esse mínimo, o que é mínimo?

DAÍ QUE se espera que o Ibama seja convocado a fazer um estudo de impacto ambiental, antes de se construir as hidrelétricas. Para não se chorar o caldo derramado, já sem jeito de reverter.

Nossa natureza tem sido tão violada a bem do progresso, que é preciso cuidar do que ainda resta, se naõ pelo igarapé, mas acima de tudo pelas vidas humanas de hoje e de amanhã.

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