Poesia

Nos postes de Santarém

Cai o manto invisível das trevas
Cobrindo os olhos vendados da noite
Quando o clarão inusitado,
Recortado
Dos filamentos luminosos
Atrai a dança lúdica dos anjos,
Frágeis, minúsculos, despertos.

Mas, na imantação parda dos postes,
Ainda há lugares para outros vôos
(ou odores)
agora, cegos e certeiros:
são os irrequietos camundongos voadores.

Assim, nos alvos ziguezagueantes,
luzentes,
a ânsia noturna da Lida,
a busca delirante,
pulsante,
pelo cardápio invertebrado da Vida.

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De Evandro Nascimento, cronista, poeta e escritor premiado no XI Concurso de Contos da região Norte. É de Belém.

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