Ex-Veja

Jornalista residente em Itaituba, Jota Parente comenta a pensata Jornalismo e linchamentos, de Samuel Lima:

Meu caro Samuel,

São artigos, os quais tenho lido, são sempre muito bem produzidos. Mas, nesse você conseguiu ser muito melhor. Sua análise é corretíssima a respeito do linchamento que a imprensa promove e cada vez com mais assiduidade.

Da próxima vez que você escrever sobre o assunto, por favor inclua o caso Ibsen Pinheiro, brilhante político gaucho, na época ( na década de 90) presidente da Câmara Federal, que a Veja, irresponsável e premeditadamente acusou de ter uma pequena fortuna em sua conta, quando na verdade tinha uma merreca.

A revista sabia que a informação era mentirosa, pois o repórter ligou para a redação na noite que a edição estava sendo fechada. Mas, o editor-chefe disse que a capa que custara 120 mil dólares e não podia ser jogada fora. Desde então recusei-me a continuar sendo assinante dessa revista.

Não é só a Veja que faz isso. Mas, considero que ela é a pior de todos os grandes veículos.

Comentários

Anônimo disse…
Mestre Jota Parente,

Grato pela consideração, meu camarada! Concordo integralmente com sua observação: o caso do ex-deputado Ibsen Pinheiro é paradigmático, igualmente. No semestre passado, discuti o caso em sala de aula, com os/as alunos/as.

Há outros exemplos similares que precisam ser lembrados por profissionais da comunicação, como você e eu, permanentemente.

A "tentação de ser juiz", de parte de veículos e "coleguinhas" - ditos notáveis - é algo sempre presente no nosso meio. Independente da cor ideológica, esse traço é muito forte.

Abraços fraternos e mocorongos, com admiração e amizade.

Samuca
Anônimo disse…
Respeito muito Jota Parente com quem trabalhei. Sua opini�o tem grande relev�ncia para mim. No entanto, sou assinante de Veja e n�o me arrependo disso. Sei dos erros que a revista comete e me julgo capaz de filtr�-los. O que me preocupa s�o as manifestacoes tendenciosas do Samuca (com todo respeito).
Por que ele n�o se revolta tamb�m com o Renangate, que tem mais ou menos a mesma dimens�o do Vavagate? E o caso do Senador Joaquim Roriz? nenhuma palavra.
� isso que torna ileg�timo o discurso de Samuel - sua pretensa independ�ncia ideol�gica em favor da moral?
Tenho certeza de que a exposic�o na m�dia n�o significa injusti�a, mas uma necessidade da democracia.
Talvez as urnas n�o possam punir Vav� (tratamento que - espero - seja dado aos dois parlamentares), mas a justi�a e a opini�o p�blica tem o direito de julgar suas atitudes.
Que outro papel se pode esperar da imprensa? Esconder-se atr�s do "segredo de justi�a"?
N�o sejamos hip�critas(tamb�m com todo respeito).
Anônimo disse…
Quer dizer que o mensalão, caixa 2, valerioduto, dolares na cueca, dolares de cuba, josé dirceu, vavá e outras maracutaias do PT foi tudo invenção da imprensa, da Veja? Ou alucinação de todos nós brasileiros? Me poupe pessoal, com certeza estavam também no Foro de São Paulo e assinaram compromisso.
Anônimo disse…
Mestre Samuca,
Aproveito do comentário do Jota Parente para agradecer seu comentário e para insistir em defender principios que deveriam nortear uma boa informação.
Sei que lidar com a imbecilidade é difícil, mas não estamos sozinhos não, como também não estamos remando contra a corrente.
Estamos indo com a velocidade da correnteza, que está colocando em xeque os "senhores" da palavra.
É só ver quem ganhou o Troféu Imprensa para termos uma comparação. Significa que a maioria de quem lê sabe fazer as devidas comparações.
O "Homer" (cidadão médio) teorizado pela Globo e o William Bonner está cada vez mais para bicho em extinção.
Não ligue para imbecis, é uma parcela que faz parte da fauna humana, ninguém é perfeito.

Abs.

Tibério Alloggio

Se ainda não leram...

Do Blog do Azenha (Jornalista da Globo)

(...) Não se trata de um fenômeno brasileiro.

Estamos na idade da informação.

No Brasil, na Venezuela, na Bolívia, nos Estados Unidos, na Rússia - ter nas mãos a máquina da informação se tornou estratégico para a conquista ou manutenção do poder político e econômico.

Chávez não fundou a Telesur para brincar de televisão.

A emissora serve a um interesse estratégico da Venezuela.

Não importa se eu acho que isso é bom ou ruim, entenderam?

Eu só tento constatar o que vejo com as habilidades que desenvolvi - ou não - como repórter.

Uma das primeiras batalhas de Putin para consolidar seu poder na Rússia foi atacar o barão da mídia Boris Berezovsky, hoje exilado no Reino Unido.

Berezovsky tinha seu cão de guarda, Sergei Dorenko, um âncora que fazia o trabalho sujo para o patrão na tevê.

Hoje há cães de guarda em praticamente todos os órgãos da mídia brasileira.

Alguns mostram os dentes, outros agem sorrateiramente, outros prestam serviço sem se expor.

Aqui nos Estados Unidos a "tomada do poder " pelos republicanos, através de George W. Bush, resultou de uma fraude eleitoral na Flórida.

Em nome de Rupert Murdoch, apoiador de primeira hora de Bush, o âncora Bill O 'Reilly destruía - ou pelo menos tentava destruir - reputações usando a Fox News.

Napoleón Bravo, da RTCV venezuelana, prestou o mesmo tipo de serviço a Marcel Granier e aos golpistas que tiraram Hugo Chávez dois dias do poder.

O filme a que assistimos hoje no Brasil é a reprise patética e antiquada do que se passou nos Estados Unidos.

Denúncias contra a mídia "liberal", denúncias contra professores universitários "esquerdistas ", denúncias contra textos de livros didáticos, denúncias dos "privilégios " de quem recebia dinheiro do welfare (o Bolsa Família deles), contra as cotas raciais, contra a invasão dos hispânicos...

Não há nada de original nessa tática de assalto ao poder.

A esse filme eu já assisti.

Nos Estados Unidos, Rupert Murdoch instalou Roger Ailes, um consultor republicano, como articulador das ações da Fox.

Ele construiu uma estrutura que garantia a repercussão na Fox das notícias divulgadas por locutores de rádio ultra-conservadores, que por sua vez repercutiam as notícias da Fox, que por sua vez repercutia as manchetes do Washington Times (jornal do reverendo Moon), que por sua vez repercutia as notícias do site Drudge Report, que por sua vez repercutia as notícias da Fox.

É o que os marqueteiros americanos chamam de "caixa de ressonância ".

Esse bombardeio midiático, que obedece a uma coordenação muito mais sofisticada de que se supõe, foi usado por George W. Bush durante a crise eleitoral para levar Al Gore, o candidato democrata, a desistir de continuar contestando na Justiça o resultado da votação da Flórida, em 2000.

Enquanto Roger Ailes atuava nos bastidores da Fox, o "mago " Karl Rove se instalava na Casa Branca.

Os ataques eram de caráter político e pessoal - o que importava era destruir a reputação dos "adversários ".

(...) O curioso, quase oito anos depois, é como os "puros " do passado acabaram se revelando grandes hipócritas.

Deixaram um rastro de escândalos e escombros no caminho.

(...) Paul Wolfowitz, que como presidente do Banco Mundial era encarregado de fiscalizar a "transparência " dos países-membros, pagava jabá para a namorada.

Dezenas de assessores de Bush pediram demissão, foram demitidos ou caíram em desgraça, especialmente nos últimos meses.

A turma de "iluminados " sumiu de circulação.

(...) Por conta da política externa agressiva e desmiolada de Bush, o mundo está mais inseguro hoje do que antes de 11 de setembro de 2001.

Bin Laden conseguiu atingir vários de seus objetivos, com a ajuda de Bush e Blair.

E contou com a ajuda concreta de jornalistas, que mereciam ser processados como "acessórios" em crimes contra a Humanidade.

(...) Não há qualquer dúvida de que, mais cedo ou mais tarde, os aprendizes de feiticeiro da mídia brasileira serão desmascarados - com suas mentiras, distorções e omissões.

Os cães de guarda vão desfrutar de algum conforto material até perderem a boca para gente mais nova, quando o patrão decidir fazer algum acerto POR CIMA.

Na Rússia, Dorenko perdeu o programa de tevê e está aposentado; Napoléon Bravo, na Venezuela, também; O 'Reilly permanece no ar, mas é apenas um fantasma do passado.

Ninguém o leva mais a sério.

Espero que no Brasil os cães de guarda não façam tanto estrago quanto a turma de Bush fez nos Estados Unidos e no mundo.

Até lá, vamos nos divertir com a cara deles.
Anônimo disse…
Humm... Eu e mais um milhão e meio de brasileiros vamos deixar de assinar veja e deixar de dividi-la com nossas famílias e amigos só para dar o gostinho a esses paraintelectuais nos incluirem em suas listas de liberais descolados inaladores de qualquer-coisa-desde-que-não-seja-da-grande-mídia-controladora-dos-fracos-que-defendemos-e-precisam-de-nossa-inteligência-para-sobreviver. Ai Jisuis!!!!!!
Anônimo disse…
Quem esse Tibério pensa que é? De repente, deve ter vergonha de morar em Santarém.
Ele dá a idéia de ser o supra-sumo da inteligência, e que por aqui só moram idiotas.
Anônimo disse…
É, tem gente que nasceu mesmo pra ler Veja e jamais passar disso. E acreditar eternamente ser o melhor informado. Como o estúpido que afirma que l milhão e meio de pessoas assinam a revista que é a Bíblia dele - e ele, claro acredita na estupidez que nem a própria Veja é capaz de cometer!
Anônimo disse…
Gostaria que o Dr. Samuel escrevesse sobre o Linchameto que o Senador Renan Calheiros está sofrendo.

Afinal de contas, ele é apenas um alagoano sendo perseguido, como foi o ex senador jader barbalho por ser paraense.
Aposto que no caso do jader também houve perseguição contra o coitado do Jader.

Linchamento de direita vale. De esquerda não?!?
Anônimo disse…
Ô anônimo do dia 29, às 11:16, você por acaso lê pelo menos a Veja? Pelo jeito acho que você também faz parte dos 1 milhão e meio de assinantes ou dos cinco milhões e pouco de leitores. Senão não se daria a oportunidade desde comentário, não é? Ah, a propósito, ao contrário de você, eu assumo que assino a revista, sim! Ela me é muito útil. Pago direitinho pela assinatura. Você, ao que parece, gosta de dar uma olhadela na edição paga por outro assinante. Na minha é que não é! Outra coisa: caso você leia outras publicações, lista aí, pra que eu possa assimilar um pouco da sua parainteligência. No mínimo são escritas em espanhol (com sotaque cubano, porque se for venezuelano, pelo menos você já é um pouco mais moderninho), russo, coreano ou chinês. Aí fica difícil de assimilar. Se assim for, você me vence por ser troglodita, digo, poliglota. Ainda, se você quiser competir pelo poder de argumentação a partir das publicações que você e eu ou qualquer pessoalemos, então meu caro, estamos todos chafurdando na lama. Tomemos nosso presidente como nosso mestre. Prefiro ficar com a Veja.
Anônimo disse…
Ademais, como só leio Veja, tomo a liberdade de "copiar" Olavo de Carvalho para dizer um pouco do que penso.

Nós, a direita

Olavo de Carvalho
Jornal do Brasil, 9 de março de 2006



É verdade que existe no Brasil uma “nova direita”. Seus meios de expressão são o semanário eletrônico Mídia Sem Máscara , umas conferências do Fórum da Liberdade que se realiza anualmente em Porto Alegre e jamais é noticiado fora do Rio Grande, uns quantos blogs espalhados pela internet e cinco colunas de imprensa, incluindo esta. Somem o custo de tudo e verão que não paga uma campanha eleitoral de vereador. Por isso ou por absoluta falta de vocação, o referido movimento -- se é que chega a ser um -- não tem entre seus adeptos e simpatizantes um só político, mesmo chinfrim. Compõe-se inteiramente de intelectuais, estudantes, empresários, advogados, militares da reserva e outros cidadãos sem mandato, nem partido, nem cargo oficial de espécie alguma. Não tem um jornal impresso, mesmo aperiódico e deficitário. Não tem um programa de rádio ou TV. Não tem meios de publicar livros: de vez em quando consegue, por muito favor, meter um ou dois no catálogo de alguma editora, escondido sob milhares de títulos esquerdistas. Não tem uma entidade que o represente, nem assembléias ou reuniões. Não tem um programa de ação nem um ideário comum, exceto a convergência espontânea e precária de opiniões pessoais. Sua atuação consiste exclusivamente em proclamar que tudo está muito mal e que não há nada que se possa fazer contra isso.

Não obstante, desperta ódio, temor e suspeitas como se fosse uma força política organizada, poderosa, disciplinada, repleta de verbas, militantes e meios de difusão, pronta a tomar o poder e meter na cadeia todos os esquerdistas que não consiga eliminar fisicamente.

Ao vê-lo, senadores, deputados, ministros, chefes de redação, presidentes de ONGs milionárias e apadrinhados do Mensalão já começam a tremer e choramingar, sentindo-se vítimas de perseguição macartista e agarrando-se uns aos outros em busca de proteção. Creio mesmo que alguns deles, prevendo o pior, já tratam de reforçar suas contas na Suíça para garantir um exílio confortável nos dias negros em que o país será governado com mão de ferro pelo Reinaldo Azevedo, pelo Diogo Mainardi ou, sem falsa modéstia, por este colunista.

Igual sentimento de alarma observa-se na extrema direita. Integralistas, discípulos do sr. Lyndon La Rouche e meia dúzia de milicos xenófobos proclamam, com a desenvoltura de insiders informadíssimos, que estamos a serviço dos bancos americanos. Devem ter razão, pois não é possível que pessoas tão imunes a contaminações marxistas se enganem junto com a esquerda inteira. Apenas lamento que os banqueiros da Virginia não tenham sido notificados disso, pois teimam em me recusar um crédito de três mil dólares para a compra de um carro usado.

Há também os intelectuais, que discutem entre si na busca de uma explicação para a nossa existência, não porque desejem realmente encontrá-la, mas porque sabem que assim fazendo dão a impressão de que somos um fenômeno esquisito, uma “aberração” no sentido gramsciano do termo, uma coisa gratuita, desprezível e sem função na ordem social presente. Como, porém, ao mesmo tempo dizem que somos a burguesia endinheirada, isto é, o topo e comando supremo dessa mesma ordem social, ficamos sem saber o que, afinal, querem de nós. Esse pessoal é incontentável.

Por fim, há na esquerda quem diga sermos, em substância, a velha “direita” ricaça e fisiológica que, no seu entender, governou o país desde Pedro Álvares Cabral. A força emporcalhante dessa associação é considerável. Felizmente os respingos fecais que vêm dela só nos atingiriam se não soubéssemos que essa direita é tão genuinamente direitista que deu a maior força para o PT nas eleições, participou de toda a festança obscena do partido governante e, no fim das contas, se tornou petista ao ponto de hoje em dia sua personificação máxima, na opinião de alguns esquerdistas mais assanhados, ser o próprio Lula. Se, em desespero de causa, algum íntimo dessa promiscuidade latrinária tenta nos usar como papel higiênico, é porque contempla horrorizado o estado da sua própria cueca.
Anônimo disse…
Ser crítico e pensar com autonomia significa priorizar a lógica e os fatos sobre o senso comum, sobre o que diz a maioria. O Orlando Tambosi foi sintético e clínico em sua observação:

“Se você defende as liberdades e a democracia, é tachado de "direitista" ou "conservador" (quando as defendia durante a ditadura, era considerado de "esquerda"). Se você defende a ciência, é logo carimbado de "positivista" (...) E se leva a lógica a sério, então, você é um "reacionário" consumado, vítima do raciocínio "burguês".“